A crise tem um impacto negativo em tudo o que nos rodeia.

Verdade absoluta? Ou haverá algo (tudo) nesta frase que pode ser rechaçado? Num dia como o de hoje, invernoso e chuvoso, em que a meteorologia nos aponta para avisos amarelos, parece ser impossível alterar o estado actual da crise em que os museus vivem, no entanto, a crise é, de acordo com a definição da palavra, um momento, uma conjuntura, não é definitiva, passará algum dia e por isso, mesmo num dia invernoso como este, eu mantenho o optimismo e o pensamento no futuro, ciente que temos a capacidade de ultrapassar a crise em que os museus, a cultura, o país e a Europa estão mergulhados.

No entanto, será que alguém pensa no que fazer para sair da crise e para evitar crises futuras? Alguém saberá como faremos para sair e evitar que entremos noutra crise? O que os museus farão para se instituírem definitivamente como elemento fundamental da cidadania e da sociedade em que se inserem? O que devemos então fazer?

Comecei a escrever estas palavras motivado pela informação sobre a realização de mais um Encontro Nacional  Museologia e Autarquias, organizado em S. Brás de Alportel, pela Câmara local e pelo MINOM, sob o mote “Viver na crise e melhorar os museus” e que pretende “centrar-se sobre as estratégias delineadas ou aquelas que os museus já estão implementando no terreno; lançar o debate sobre «smart» museologia; compreender, simplificar e construir recursos tecnológicos próprios, como a expografia digital; e lançar e definir o projeto de ação museal «Olhares sobre Crise na sociedade portuguesa», aberto a todos os museus sensíveis a estas problemáticas.” Comecei a escrever, porque pensei para mim que finalmente os museus começavam a debater o problema e congratulei-me por isso. Hoje fico a saber que a Câmara Municipal de Vila do Conde, através do Museu de Vila do Conde, promoverá no próximo dia 22 de Abril a 1.ª Jornada de Trabalho em Museologia dedicada ao tema da Gestão Museológica e Sustentabilidade de Museus (centrada na forma como os museus encaram os novos desafios e nos estudos dos públicos) e que o Expresso, juntamente com o BES, pretendem conhecer “O que faz falta aos museus portugueses?“* com um “debate em prol da valorização do património museológico nacional” onde participaram o Secretário de Estado da Cultura, o director do MNAA (António Filipe Pimentel), o sub-director do Reyna Sofia (João Fernandes) e ainda Tolentino Mendonça, moderado pelo director do Expresso (Ricardo Costa), sobre o qual ficaremos a conhecer mais na próxima edição do Expresso.

A situação é grave e por isso mesmo exige de nós maior atenção e uma reflexão que resulte em medidas práticas ou, pelo menos, que possa influenciar a decisão de as tomar. Ficam aqui os meus parabéns a estas iniciativas (e a outras do mesmo género que ainda não conheça) e aos seus responsáveis.

* Sobre esta iniciativa, que é de louvar, gostaria apenas de dizer que ficou a faltar ao debate alguém de um museu de tutela ou dimensão diferente.