MBA em Gestão de Museus SP

MBA em Gestão de Museus SP

A Associação Brasileira de Gestão Cultural, a Universidade Cândido Mendes e a Expomus organizam, com o apoio do Museu da Imigração do Estado de São Paulo e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo o MBA em Gestão de Museus SP.

De acordo com a documentação sobre o curso que me foi enviada, este MBA é um curso de especialização em Museologia com foco curricular em Gestão e Comunicação de museus, que tem como propósito preencher a crescente lacuna deste campo profissional no mercado de trabalho, especificamente nas áreas de gestão, planeamento e sustentabilidade económica dos museus.

O curso pretende formar profissionais para “actuar de forma reflexiva e empreendedora no universo dos museus no Brasil, qualificando-os para exercer funções múltiplas na administração pública e privada, capacitando-os ainda para o aprimoramento e atualização junto aos universos técnicos e de conteúdos da museologia contemporânea, com ênfase na dinamização das instituições museológicas”.

Os organizadores justificam esta iniciativa com o elevado número de museus com a necessidade de preparar os profissionais de museus para os novos desafios que actualmente lhes são colocados nas áreas da comunicação, segurança, preservação, desenvolvimento de novas audiências, desempenho do seu papel social e como eixo fundamental do desenvolvimento local e regional nas mais diversas áreas económicas.

O MBA, como não poderia deixar de ser, é dirigido a profissionais de museus, estudantes com o objectivo de desenvolver carreira nesta área, outros profissionais na área do património cultural ou quaisquer outros interessados num curso que conta com uma estrutura curricular muito completa e bem organizada e com um quadro de professores com vasto conhecimento e experiência em diversos sectores da actividade museológica, entre os quais estará, a convite da organização, este vosso amigo (para destoar um bocadinho).

Museu da Imigração – São Paulo

O curso terá lugar em São Paulo, no (fabuloso) Museu da Imigração, o que impede grande parte dos meus amigos portugueses de participar, e tem as inscrições abertas neste momento para a turma de 2019/2020. A coordenação académica é da Kátia de Marco e a coordenação de conteúdos é da Maria Ignez Mantovani Franco, o que, por si, garante a elevada qualidade dos conteúdos e formação que se pretende oferecer neste MBA. Poderia falar melhor sobre o curso, mas a Maria Ignez trata disso com a clareza necessária no vídeo abaixo.

Imagino, do conhecimento que tenho da situação no Brasil, que o valor do MBA será um esforço significativo para muitos dos colegas brasileiros, mas diz-me a minha própria experiência, relativamente ao valor que me custou a minha pós-graduação em museologia, que o retorno, para quem gosta de trabalhar com/em/para museus é enorme. Mesmo sabendo que são em alturas e contextos diferentes, estou certo que acontecerá o mesmo neste caso face à qualidade da coordenação e dos professores.

Por último, não posso deixar de agradecer à organização do curso, especialmente à Maria Ignez, pela confiança depositada em mim, juntando-me a um conjunto de colegas e amigos cujo trabalho muito admiro e sigo com atenção.

Toda as informações sobre o curso podem ser encontradas neste site ou neste PDF.

Atenas e novos perfis de trabalho nos museus

Atenas e novos perfis de trabalho nos museus

Voltar a Atenas é um privilégio. Voltar a Atenas numa data em que os gregos decidiam o seu futuro como nação é uma oportunidade única e imperdível, por isso, devo confessar, estive em alerta durante a semana anterior à viagem para certificar que não ficaria em terra por overbooking, greves e demais problemas que as companhias aéreas costumeiramente nos levantam.

A viagem aconteceu, como calculam, há já algum tempo, mas só agora consegui tempo e disponibilidade para vos contar. A motivação foi profissional, tem sido quase sempre, mas já meti na cabeça que a próxima ida à Grécia, espero que com Atenas pelo meio, seja em férias para que possa aproveitar aquele mar e praias fabulosas que o amigo Ika tem postado frequentemente no Facebook. A motivação profissional prende-se com um convite que me foi endereçado pela Mapa das Ideias, há uns tempos atrás, que em boa hora aceitei, para participar no “advisory board” de um projecto europeu que tinha como propósito definir perfis de competência para as novas profissões que a ligação entre a Cultura e o Digital está a criar.

eCultSkills

O projecto designa-se eCult Skills, é um projecto co-financiado pela União Europeia, de transferência de inovação que procurou, através da investigação em 6 países europeus, empregos novos e emergentes que envolvam a utilização de tecnologia na área cultural para definir novos perfis profissionais que pudessem ser aplicados no contexto nacional e europeu tendo como perspectiva a integração deste novo tipo de profissões no contexto dos objectivos definidos pela União para 2020. O projecto é apresentado pelos responsáveis da seguinte forma:

Culture Industry development policies need to place strategic goals of a broader context, seeking enhanced quality of service that will enforce the existing workforce and eventually attract young people to the profession. In addition, European Training systems have to adapt and to anticipate actual and future employment opportunities in Cultural Jobs as they will represent an important and growing number of jobs over the coming years. In parallel, the use of ICT for access to cultural heritage is a societal demand supported by European policy makers. Existing professional and new recruits need to acquire ICT skills and attitudes of the ideal eCulture professional such as the abilities to be creative, versatile, able to manage digital knowledge, quality and excellence, technical and humanistic training. Thus Culture Jobs need to be enhanced with eSkills to become eCulture Jobs.

O resultado do projecto são os perfis de especialistas no sector cultural e as linhas orientadoras para a formação de profissionais nestes perfis que permitirão, no contexto europeu, a definição de programas de formação, comparação de currículos e de competências profissionais para processos de contratação nas entidades deste sector. Uns e outros resultados podem ser encontrados na página dos resultados do projecto e estão disponíveis em diversas línguas.

Estes resultados foram apresentados na reunião final do projecto, em formato de conferência internacional, onde também foram discutidos, de forma bem alargada por diversos profissionais do sector, os desafios digitais que se colocam actualmente aos profissionais de museus. O tema da conferência era “Digital Challenges for Museum Experts” e o programa, apesar de muito extenso para o pouco tempo, foi muito interessante e estimulou um conjunto de tópicos de discussão muito relevantes relativamente à indefinição que se sente existir sobre a aplicação da tecnologia (que tecnologia, quando aplicar, que papel deve ter nas instituições, que competências são necessários, etc.) no sector cultural.

Eu tive o prazer de apresentar (e depois discutir) uma comunicação intitulada “Museum Documentation: New Skills for a Digital World” e de presidir a uma mesa que discutia novas tendências e desafios nas competências necessárias para a cultura face ao desenvolvimento tecnológico. Numa e outra oportunidade a experiência foi muito enriquecedora e permitiu confirmar e conhecer desafios emergentes colocados, principalmente, pela definição do papel da tecnologia nas instituições, ou seja, a velha discussão sobre a visão da tecnologia como um instrumento e não um fim em si mesmo. Fiquei com a ideia que a primeira está, felizmente, a ganhar cada vez mais terreno!

Julgo que a organização ficou bem contente com os resultados da conferência. O nível de participação foi muito alto e, como poderão ver pelas caras de algumas das fotos, julgo que a satisfação dos participantes também foi alta.

O Museu da Acrópole

Selfie em Atenas

Selfie com as meninas Atenienses

Além da conferência tive, desta vez, a oportunidade de visitar o Museu da Acrópole que ainda estava em construção (ou em projecto) da última vez que visitei Atenas. O museu tem uma ligação espacial com a Acrópole que é muito bem conseguida. Em qualquer momento vemos o local de origem das peças que temos à nossa frente e quando isso não acontece, damos alguns passos e temos essa sensação de pertença. A parte em que me emocionei (gosto sempre de me emocionar num museu) foi quando estive ao lado das Cariátides (do Erecteion) que quase me fizeram chumbar numa oral de História de Arte por ter a pior memória do mundo para nomes (este nunca mais esqueci)! Tirei uma selfie para mais tarde recordar e partilho-a com vocês agora!

Embora tivesse gostado muito do museu, da organização da exposição (um pouco caótica, mas interessante) e de algumas soluções de museografia, não gostei nada, mesmo nada, da ausência de informação nas tabelas de cada objecto. Apenas continham nome, data, local de origem e pouco mais… muito pouco para quem, como eu, tem um conhecimento mínimo do contexto e história do local.

Uma nota final para três coisas: pessoas, comida e bebida! Cada vez mais fã da gastronomia grega e fã, por completo, do bom vinho que por lá se bebe. As pessoas, já o sabia, são determinadas, trabalhadoras, inteligentes e merecedoras do nosso apoio… não é por culpa do povo Grego que o país está naquela situação!

Publicar em formato digital?

Publicar em formato digital?

Os museus têm, ao longo dos últimos anos, debatido a utilização das publicações digitais em substituição dos tradicionais catálogos impressos que usamos, público e profissionais, para dar a conhecer e para conhecer melhor o património cultural que guardamos. Esta discussão resulta, em meu entender, na desconfiança existente relativamente ao formato digital e à menor importância dada a este meio principalmente no sector académico.

Apesar das vantagens (económicas e não só) os museus continuam a preferir a publicação impressa para os seus catálogos, criando documentos com elevado valor científico e visual, mas com evidentes limitações quando comparados com as novas formas e plataformas de publicação digital. Julgo que poderemos apontar diversas razões para que assim aconteça – eu próprio ficaria preocupado com a durabilidade dos suportes, por exemplo – mas, em boa verdade, poderemos fazer o mesmo para modificar esta situação e abraçar, de uma vez por todas, a publicação digital.

O Getty, através do projecto OSCI (Online Scholarly Catalogue Initiative), aponta, no vídeo que abaixo partilho, 5 razões pelas quais devemos abraçar, tal como fizeram já alguns museus, a publicação digital dos catálogos dos museus. São elas:

1. publicação de resultados de investigação mais rápida;
2. conteúdo multimédia expandido;
3. conteúdos desenvolvidos sobre a documentação de conservação e restauro;
4. interactividade;
5. experimentar de forma directa obras em áudio ou “time-based”.

Quanto a mim são muito válidas, mas julgo que ainda podemos encontrar outras. Eu juntaria a estas a actualização facilitada dos conteúdos e o menor custo da publicação e das suas actualizações, e vocês? Alguma razão para abraçarmos a publicação digital de catálogos?

Melhores recursos de aprendizagem

Melhores recursos de aprendizagem

É o que a tecnologia nos põe nas mãos e nos olhos: melhores recursos de aprendizagem. Melhores e mais acessíveis, não esquecer.

Infelizmente ainda se vêem poucos exemplos em Portugal de recursos educativos como o SmartHistory, no entanto, apesar da barreira de ser numa língua diferente da nossa, esta ferramenta da Khan Academy pode muito bem ser utilizada por professores e educadores em história e história da arte em Portugal para criar e utilizar ou para reutilizar conteúdos muito mais apelativos do que os tradicionais manuais e recursos de ensino. O SmartHistory baseia-se em conteúdos abertos (ou seja conteúdos com direitos de autor, mas que a utilização é permitida de forma gratuita) e nas palavras dos seus responsáveis é “the leading open educational resource for art history. We make high-quality introductory art history content freely available to anyone, anywhere. Smarthistory is a platform for the discipline where art historians contribute in their areas of expertise and learners come from across the globe. We offer nearly 500 videos and these are being translated into dozens of languages.” Foi criado em 2005 para providenciar “a richer learning experience than was possible with existing resources. Traditional textbooks are prohibitively expensive for many and do not take advantage of the digital technologies that are reshaping education. For example, textbooks often use only a single image to represent a work of art, they speak with an authoritative but impersonal voice, and they rarely incorporate the many valuable resources that universities, libraries and museums make available. We built Smarthistory to emphasize the experience of looking at art by using unscripted conversations recorded in front of the work of art whenever possible, by incorporating numerous images and video, and by curating links to high-quality resources on the web.“.

É uma ferramenta que permite explorar diversos temas da história da arte, utilizando recursos que museus e outras instituições disponibilizam em opensource, organizados por cronologia, estilos, artistas ou temas utilizando o melhor que a tecnologia nos dá. No SmartHistory somos também encorajados a criar os próprios conteúdos em Create & Teach através de um conjunto de recomendações técnicas e pedagógicas que nos auxiliam a estruturar conteúdos e utilizar as ferramentas que permitem bons resultados no “produto” final.

Apenas para que conste é importante salientar que este tipo de projectos só são possíveis depois da digitalização do património cultural. Um processo de custos elevados (humanos e financeiros), mas com um retorno de investimento, na minha opinião, muito compensador a avaliar pela qualidade deste projecto.

Culture Grid

Um bom exemplo do que pode ser feito a nível local sem comprometer em nada o esforço europeu para a disponibilização de conteúdos culturais através do projecto Europeana. Sugiro que vejam a excelente timeline (ainda em versão experimental) que disponibiliza a informação resultante de uma pesquisa organizada por datas e também que vejam o site sobre Londres no Século XX.

O link é www.culturegrid.org.uk.