“[…] Onde, mais do que lutar, parece que desistimos também de pensar.”*

“[…] Onde, mais do que lutar, parece que desistimos também de pensar.”*

Ando completamente desfasado da realidade, ou melhor, a realidade está a passar com uma velocidade que não me tem sido possível acompanhar nos últimos tempos os diferentes (e interessantes) assuntos que têm ocupado o universo dos museus em Portugal. A triste realidade da venda dos Miró, o contínuo silêncio sobre a política cultural (não só a nível dos museus), a ausência de debate em torno do novo quadro comunitário de apoio (este deveria ser um assunto mais do que urgente) e assuntos de menor importância como a publicidade nas fardas usadas pelos funcionários de alguns monumentos, são alguns dos assuntos que não tenho conseguido acompanhar conforme gostaria e, como tal, nem me vou alongar sobre qualquer um deles.

No entanto, consegui hoje ler um texto do Luís Raposo (vejam lá o calibre do meu desfasamento), que apanhei no pportodosmuseus (obrigado Patrícia), intitulado “Os museus em face do presente e do futuro” (Público – 17-01-2014), onde somos confrontados com uma visão informada sobre a actual realidade e os caminhos (?) futuros a escolher pelos museus, políticos e agentes culturais. A realidade é difícil, bem o sabemos todos, neste sector chega a ser impossível, mas não será usada mais vezes do que deveria como desculpa para manter o actual estado das coisas? A última frase deste excelente artigo de Luís Raposo (título deste post) sintetiza brilhantemente aquilo que eu também sinto face aos actuais problemas no sector: pior do que deixar de lutar por melhor condições, mais investimento, por mostrar que a Cultura pode ser rentável (e não me refiro meramente ao lucro monetário) e é basilar, é não pensar continuamente qual o caminho que pretendemos seguir e questionar, sempre, se o caminho que seguimos é o que melhor serve a nossa e, principalmente, as seguintes gerações.

*Luís Raposo – Público. 17-01-2014

PS: uma notícia a salientar é a publicação (finalmente) do “Panorama Museológico em Portugal (2000-2010)”. Uma publicação de extraordinária importância para quem trabalha nesta área. Assim que a tiver em mãos prometo um post sobre o assunto.

© Imagem: Pportodosmuseus.