É o tema em que se fala após as declarações de Pedro Passos Coelho sobre as intenções do PSD na área da Cultura: extinguir ou não o Ministério da Cultura?

Importa dizer, em primeiro lugar, que teoricamente sou favorável à existência de um Ministério que possa tutelar a Cultura (artes, património, etc.) de uma maneira geral. No entanto, mais importante do que existir o ministério é existir uma verdadeira política cultural pensada de forma estrutural e estratégica que possa potenciar o grande valor que temos, enquanto nação, em todos os sectores da vida artística e cultural. Teatros, bibliotecas, arquivos, museus, música, arte contemporânea, artes perfomativas, etc., podem constituir-se como pilares estruturais de desenvolvimento do país a vários níveis (inclusive a nível financeiro se a aposta na área for séria) e ser o motor de uma transformação social que pode dar, no futuro, melhores ferramentas ao país. Essa aposta poderá ainda realizar essa transformação de uma forma sólida e com continuidade nas gerações vindouras.

Se, para que isso aconteça, é absolutamente necessário um Ministério da Cultura? Não. São necessárias políticas culturais que ultrapassem a mesquinhez de visão de uma única legislatura e de um simples partido, em detrimento de políticas fortes, debatidas nos diferentes sectores culturais e com os seus intervenientes, participadas, baseadas em projectos com objectivos bem definidos, realistas, mensuráveis e que possam ser analisados e avaliados continuamente. Como é óbvio estas políticas não se podem fazer isoladamente. É necessário que exista articulação com a Educação, a Ciência e Tecnologia, o Turismo, a Economia e, porque não, com as Finanças do país.

Haja vontade para o fazer e aproveitar uma época de “crise” para pensar seriamente nos desafios que esta área tem pela frente.