Declaração de Lisboa

Declaração de Lisboa

Quando comecei nesta vida dos museus tive a sorte de ter como directora do museu onde trabalhei uma pessoa que nos dizia sempre para escrever e dar a conhecer (não bastava, na sua opinião apenas dizer) as nossas opiniões, críticas e ideias. Na sua opinião conseguíamos assim melhor fundamentar o que pensávamos (a escrita tem essa enorme vantagem), reflectir quando o escrevíamos – e depois de o escrever – e, através da sua divulgação, deixar os outros reflectir sobre as nossas críticas e opiniões e, conforme o caso, contradizer ou concordar com o que escrevíamos. Commumente utilizava esta argumentação sobre o livro de reclamações da casa: “é melhor que escrevam lá, para que realmente se faça algo sobre o assunto!”

Hoje depois de ler com atenção a Declaração de Lisboa e ter constatado que ali estão expressas algumas ideias que julgo serem comuns à maioria dos cidadãos da Europa e do mundo Ocidental, dei comigo a pensar como é/foi importante que essas ideias, a meu ver bem fundamentadas, sejam passadas para o papel de forma a serem debatidas, criticadas, elogiadas (ou não), etc., pelo maior número de pessoas e instituições com responsabilidade e capacidade decisória no que diz respeito aos museus (e já agora também nos outros tipos de instituições do sector da cultura).

Eu assino por baixo a Declaração de Lisboa e congratulo-me por ser membro de um comité nacional do ICOM que teve um papel fundamental na sua criação.

Declaração de Lisboa (PDF)

Mais informação aqui.

 

ICOM e ICOMOS: posição sobre a nova orgânica do Património Cultural e Museus

ICOM e ICOMOS: posição sobre a nova orgânica do Património Cultural e Museus

A ler com atenção o importante comunicado das Comissões Nacionais Portuguesas do ICOM e ICOMOS sobre as recentes alterações legislativas no sector que afectarão o futuro de todos os profissionais de museus e instituições de uma forma dramática.

Não me canso de referir que uma alteração desta natureza, com tantas implicações no sector, e, como é também referido no comunicado, para a qual não foram sequer ouvidas diferentes organizações que representam as comunidades profissionais do sector, devia ser alvo de um consenso generalizado e de uma reflexão séria que poderia ter respeitado à mesma os prazos apertados impostos pela reestruturação do Estado.

No entanto, é importante dizer que este tipo de alterações estruturais de fundo (não me parece que sejam meras reorganizações nas instituições do Estado que têm a obrigação de cuidar do nosso património), não deviam ser suscitadas com o simples argumento da crise financeira que o país vive. O património cultural português é muito mais importante do que uma reestruturação orgânica feita à pressa para cumprir objectivos de curto prazo que poderão ter implicações sérias e irreversíveis no futuro do sector e do país.

X Jornadas do ICOM – MNSR (Porto)

X Jornadas do ICOM – MNSR (Porto)

Fica aqui o comunicado da direcção do ICOM Portugal sobre as 10ª edição das suas jornadas que tiveram lugar ontem no Museu Nacional de Soares dos Reis no Porto. Via Lista Museum.

Comissão Nacional do ICOM cria bolsas de estudo para fomentar internacionalização e defende Rede Portuguesa de Museus

 

Durante as X Jornadas da Comissão Nacional Portuguesa do ICOM que decorreram ontem no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, foi anunciada a criação da bolsas de estudo visando fomentar a participação de profissionais de museus em encontros internacionais de museologia e ciências afins. As candidaturas para 2012 podem ser apresentadas até 20 de Maio, sendo apreciadas por júri composto pelo Presidente da Comissão, Luís Raposo, e pelas museólogas Raquel Henriques da Silva e Clara Camacho.

 

Na sessão de abertura das Jornadas esteve presente, em presentação do Secretário de Estado da Cultura, o indigitado Director-Geral do Património Cultural, Elísio Summavielle, que prestou algumas informações acerca da nova orgânica da tutela desta área, a qual deverá começar a funcionar em Maio.

 

Conhecer e comunicar com os públicos – interpretação, exposição e educação museais; Proteger e promover o património cultural e natural – Incorporação, investigação e preservação de acervos; Entre as tutelas e as comunidades: modelos de gestão dos museus

 

Tendo como referência o tema geral do Dia Internacional dos Museus deste ano (“Museus num Mundo em Transformação. Novos desafios, novas inspirações”), as Jornadas do ICOM Portugal abordaram questão específica da Deontologia Profissional, questionando que estarão a surgir novos paradigmas neste domínio. Para o efeito organizaram-se três painéis sucessivos sobre divulgação e comunicação, gestão de acervos e modelos organizacionais. Estiveram no centro dos debates questões como as sustentabilidade e até rentabilização dos museus, conjugando-as com a definição internacional que faz dos museus “instituições permanentes, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento”.

 

À luz das reflexões gerais apontadas foi especialmente focada a situação concreta dos museus portugueses, na conjuntura da crise financeira, económica e social que o País atravessa e da anunciada alteração dos modelos orgânicos do Estado central nesta área. Entre todas as apreciações realizadas salienta-se a avaliação positiva do percurso realizado nas duas últimas décadas, patente na Lei-Quadro dos Museus Portugueses (lei de direito reforçado, aprovada por unanimidade na Assembleia da República), que importa respeitar e fazer cumprir em toda a plenitude, e na construção da Rede Portuguesa de Museus (RPM), estrutura autónoma do aparelho de Estado, considerada como um agente fundamental da “revolução tranquila” operada no sector. Neste contexto, foi especialmente criticada a eventual subordinação hierárquica e fragmentação geográfica das competências de certificação, formação profissional e fomento das boas práticas museológicas, asseguradas pela RPM. Teme-se que um tal desenvolvimento conduza ao enfraquecimento das políticas nacionais, transparentes e suportadas em fundamentos técnicos sólidos, abrindo espaço a recuos de décadas para tempos em que o apoio financeiro do Estado ao ímpeto da criação de museus revestia grande opacidade, sendo frequentemente refém de voluntarismos e caudilhismos incompatíveis com a boa gestão dos recursos públicos e impróprios da construção de um País democrático e plenamente europeu, como se pretende constituir projecto de agregação nacional.

 

A Direcção do ICOM Portugal, em 28 de Março de 2012.

Aproveito apenas para dar os parabéns a toda a equipa da direcção do Dr. Luís Raposo pelo excelente trabalho realizado no ano passado e desejar a sua continuação.
X Jornadas do ICOM Portugal

X Jornadas do ICOM Portugal

Sobre o tema “Deontologia dos profissionais de museus: Novos Paradigmas?” terão lugar no Museu Nacional Soares dos Reis as X Jornadas do comité nacional do ICOM no próximo dia 27 de Março. O programa inicia-se às 10:00h e estende-se até às 18:00h, realizando-se em seguida a Assembleia Geral do comité, como tem sido costume.

Recordo a todos os interessados que a entrada é livre e não é necessária qualquer inscrição. A participação está limitada, no entanto, à capacidade do auditório do museu.

Num tempo de crise e de dúvidas é sempre lembrar que temos um código deontológico que rege a profissão e que deve ser seguido sem excepção. Abaixo fica o cartaz com o programa que recebi do ICOM Portugal.