José Hermano Saraiva – 1919 – 2012

José Hermano Saraiva – 1919 – 2012

Nascido em Leiria, a 3 de Outubro de 1919, começou os seus estudos na cidade natal. Ingressou mais tarde na Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1941, e em Ciências Jurídicas, em 1942.

Começou a sua carreira como professor, acrescentando depois ao seu currículo a advocacia. Entrada depois na política durante o Estado Novo, tendo em 1957 sido deputado à Assembleia Nacional e procurador às cortes. Ainda antes do 25 de Abril assumiu os cargos de procurador à Câmara Corporativa e ministro da Educação, entre 1968 e 1970, cargo no qual foi substituído por Veiga Simão após a crise académica de 1969. Em 1972 passaria a a ser o embaixador de Portugal em Brasília.

Depois do cargo diplomático, José Hermano Saraiva iniciou uma colaboração com a RTP em 1971 que se manteve até hoje. Primeiro com “Horizontes da Memória”, depois com “Gente de Paz”, “O Tempo e a Alma”, “Histórias que o Tempo Apagou” e “A Alma e a Gente”.

Um dos seus livros mais conhecidos é a “História concisa de Portugal”, já na 25.ª edição, com um total de cerca de 180 mil exemplares vendidos. Editado pela primeira vez em 1978, este título foi já traduzido em espanhol, italiano, alemão, búlgaro e chinês.

José Hermano Saraiva dirigiu também uma outra História de Portugal em seis volumes, publicada em 1981 pelas Edições Alfa. Na área da História, José Hermano Saraiva publicou perto de 20 títulos, entre eles “Uma carta do Infante D. Henrique”, “O tempo e alma”, “Portugal – Os últimos 100 anos”, “Vida ignorada de Camões” ou “Ditos portugueses dignos de memória”.

O historiador foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho, a Comenda da Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco (Brasil).

Habituei-me, muitos anos antes de sonhar sequer em tirar História, a ouvir na televisão o Prof. José Hermano Saraiva a falar sobre o País e as suas gentes com uma paixão que se sentia à distância e que, em abono da verdade, sujeitava a verdade cientifica a uma visão mais romanceada da História da nação. Algo que não me interessava nada na altura e que normalmente ouvia o meu pai e família repetir sempre que passávamos na Batalha, nos Jerónimos, no Castelo da Feira, na ponte romana de Chaves, nas belas fortificações de Elvas ou na maravilhosa vista sobre o Douro que tínhamos nas idas à Régua.

Na universidade e nos primeiros anos de vida profissional distanciei-me do historiador e dos seus programas, para alguns anos mais tarde perceber que lhe devo, em boa parte, algum deste gosto pelo património e cultura portugueses.

Foi o maior comunicador de património e tradições do país e, quanto mais não seja por isso, é uma enorme perda para o país.

© imagem daqui.
Astronomia para cegos

Astronomia para cegos

Com a devida vénia ao De Rerum Natura (um dos melhores blogs que conheço) deixo-vos com o melhor que se faz na minha amada terra.

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O “Céu nas tuas mãos” é uma excelente iniciativa do Planetário de Espinho que se destina a cegos e amblíopes e lhes permite conhecer as constelações que todos nós vemos através do tacto.

O 220

O 220

A propósito de uma notícia do JN lembrei-me de quando vinha ao Porto, essa enorme cidade na altura, em miúdo com os meus pais. As visitas à grande metrópole serviam para comprar roupa no Marques Soares ou noutras duas lojas na rua dos Clérigos e de Stº. António (desculpem mas a minha mãe chamava-lhe assim e habituei-me) que agora já não existem, para visitas a alguns médicos especialistas que não havia em Espinho e para fazer uns passeios por Santa Catarina que passavam necessariamente por uma paragem numa pastelaria ali perto do bolhão.

Uma das coisas que mais gostava dessas visitas era quando passava (andar era mais raro) pelos eléctricos. Sempre me admirei com a nossa capacidade de construir máquinas como aquelas. Comboios que andavam juntos dos carros sempre “amarrados” às linhas eléctricas que lhes forneciam energia. Recordo sempre que os meus pais ficavam furiosos com os penduras que aproveitavam a boleia agarrados do lado de fora. Eu sempre os achei destemidos e corajosos, confesso!

Estava nos meus tempos de liceu quando as linhas de eléctrico definharam quase até serem enterradas definitivamente. Na altura, via-se o eléctrico como uma coisa do passado e não se percebia a importância que poderia ter na rede de transportes da cidade. Felizmente com a fundação do Museu do Carro Eléctrico foi possível defender um património importante da cidade e utilizá-lo centrando a atenção na manutenção de algumas linhas emblemáticas que se destinam, julgo eu, a uma exploração mais turística. Sendo que também servem populações numa importante área da cidade, a sua marginal e algumas zonas do centro.

Hoje fico feliz com a notícia do regresso do histórico 220 às ruas da nossa cidade e em breve vou tratar de o revisitar.

Aproveito para lhes deixar o link do Museu do Carro Eléctrico onde podem consultar a importante colecção que este museu dos STCP tem.

Imagem © Museu do Carro Eléctrico

MCE.1994.1.1
Carro eléctrico nº247
United Electric Car Company

Um trabalho de inventário – Santuário de Fátima

Um trabalho de inventário – Santuário de Fátima

Na passada terça-feira estava a ver o Jornal da Noite da SIC e reparo numa cara conhecida (eu confesso que sou miserável com nomes, mas raramente me esqueço de uma cara) que estava, para bem da minha memória, enquadrada no local ao qual a associo. O gabinete de inventário do Santuário de Fátima tem a hercúlea tarefa de inventariar e documentar as imensas ofertas que chegam todos os dias e são fruto da devoção dos peregrinos. A pessoa era o responsável pelo departamento de Património Artístico do Santuário, o Dr. Marco Duarte, que tive o prazer de conhecer na acção de formação do software In arte Premium que é usado para o inventário e documentação daquela importante e valiosa colecção. Se estiverem atentos, ao minuto 3:48 do vídeo que posto acima, aparecem algumas imagens da aplicação.

Não é todos os dias que se mostra na televisão, em horário nobre, o importante trabalho de documentação e gestão de colecções que é feito por centenas de pessoas em Portugal. A elas se deve muito do conhecimento que temos acumulado sobre o nosso património, a nossa cultura e que representa o que de melhor (e por vezes de pior também) temos no país. Por isso achei importante referir esta peça jornalística e aproveitar para endereçar daqui ao Marco Duarte e a toda a equipa (e neles a todos os que conheço por esse país fora e trabalham desta forma menos visível nos museus) os votos de sucesso nesta enorme tarefa que têm em mãos.

Que me perdoe o Picasso

Que me perdoe o Picasso

… mas preferia 1000 vezes que a polícia conseguisse recuperar o Códice Calixtino do que conseguir (como aliás conseguiu) recuperar uma das suas obras. Não que tenha alguma coisa contraPicasso e a sua brilhante Obra ou ache sequer que poderíamos perder um exemplar da sua produção, nada disso!

A questão aqui é a perda irreparável que constitui o roubo de um dos códices mais brilhantes que alguma vez foi escrito. Um verdadeiro guia de viagens escrito em 1130 (reparem bem 1130… recordam-se da data em que Portugal nasceu?) e que descrevia, para os peregrinos a Santiago, os sítios a ficar, alojamentos, património, enfim um conjunto enorme de informação reunida e compilada numa forma que só há muito pouco tempo se tornou comum para todos nós. Já para não falar do facto de ser um importante documento na investigação histórica sobre diversos assuntos.

Espero sinceramente que o recuperem.

Imagem: Wikipedia

Museu da Ciência e Universidade de Coimbra

São bons os ventos que correm por Coimbra.

Por um lado a descoberta de uma raríssima colecção de peixes do Brasil, datada do Séc. XVIII, que terá sido recolhida por Alexandre Rodrigues Ferreira na expedição filosófica que realizou por ordem da casa real portuguesa à bacia do rio Amazonas, entre 1783 e 1792. Descoberta porque parece que esta colecção estava “perdida” nos corredores do Museu de Zoologia e agora, no processo de recolha de informação das colecções, terá sido reencontrada pelos responsáveis do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra que estão a fazer, na minha opinião, um dos melhores trabalhos que conheço na reorganização e estruturação deste excelente projecto. É, sem sombra de dúvida, uma excelente notícia, à qual acresce a importância dos planos, mencionados por Paulo Gama Mota e Pedro Casaleiro, que o museu tem para a estudar e expor.

Por outro, a entrada da Universidade de Coimbra para o ITunes U (abre no ITunes U) com conteúdos diversificados e em português sobre diversas matérias e ciências leccionadas na universidade é, também, uma excelente notícia. Eu sou “cliente” habitual do ITunes U e devo dizer que é importantíssimo o papel das universidades para a divulgação do conhecimento e saber através destas novas e apelativas plataformas. É o caminho que já foi traçado por Universidades tão importantes como Yale, New York, Sorbonne, Maryland, Berkeley, MIT e tantas outras e ao qual se deveriam juntar várias universidades portuguesas e do mundo lusófono. História, Linguas, Literatura, Belas Artes, Matemática, Economia são algumas das áreas em que podemos encontrar conteúdos feitos pela UC.