Numa altura em que a administração central* de museus em Portugal se entretém (desculpem-me, mas não lhe consigo chamar outra coisa) a publicar regulamentos de utilização de imagens do património ou a despachar (no sentido literal do termo) novas condições de acesso ao património português (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), a Secretaria de Cultura do Estado de S. Paulo convoca, para discutir o futuro da política estadual de museus (imagine-se!!!) os museus e os seus profissionais.

O 5º Encontro Paulista de Museus, que se realizará no Memorial da América Latina, entre 19 e 21 de Junho, propõe:

…debater políticas públicas para as instituições museológicas brasileiras e ampliar a interlocução e a rede de colaboração dos museus paulistas.

No programa deste encontro encontramos temas de debate muito interessantes, como as políticas públicas de museus no espaço da federação de estados que é o Brasil, a utilização dos museus como promotores do relacionamento social, a realização da Conferência Anual do ICOM no Brasil, a documentação e pesquisa nas colecções museológicas (um painel onde participará o meu caro e ilustre amigo Fernando Cabral), educação, segurança das colecções, etc. Os debates e suas conclusões serão tidos em conta na elaboração das políticas públicas para os museus no estado de S. Paulo e, tendo em conta a sua influência no restante país, serão reflectidas em diversos outros estados daquele país.

Deste lado do Atlântico fico com uma inveja saudável por ver colegas e instituições a debater o seu futuro e fico saudoso do tempo em que se debatia de forma aberta e participada aqui em Portugal a constituição de uma rede de museus, a criação de uma política para os museus, a criação de uma lei quadro dos museus, etc. Estamos, como menciona o Dr. Luís Raposo no seu artigo no Público sobre as condições de acesso a museus e monumentos, a viver um retrocesso sem paralelo na história recente do país.

*Mantenho apenas a referência a central. É estranha para mim a organização regional que querem dar à cultura, num país que culturalmente tem mais sentido uno do que dividido desta forma.