Nós vivemos num país, sociedade e tempo em que o fracasso raramente é discutido. O seu contrário, o sucesso, por seu turno tem honras de prime time, reconhecimento oficial, medalhas e condecorações, etc. que são óbvias e merecidas e com as quais, como deverão compreender, concordo inteiramente. Promover e premiar o sucesso é incentivar a mudança e a evolução. No entanto, já algum dos meus caros leitores pensou sobre a quantidade de vezes que um homem de sucesso teve que falhar para alcançar o el dorado? Alguém ainda acredita que basta mesmo uma boa ideia? E o trabalho para a pôr em prática? E as dezenas de experiências que temos de fazer para chegar a uma conclusão que aponta um possível caminho para a cura de uma doença difícil? E a quantidade de vezes que tenho de fazer sopas para me calhar uma como deve ser? O sucesso dá trabalho e é feito de uma boa (espera-se que não muito elevada) quantidade de insucessos, concordam?

Então e porque não o debatemos? Porque não aprendemos mais com o insucesso dos outros? Se um museu fez determinado caminho que se revelou um fracasso, porque razão não pode outro museu aprender com os erros feitos nesse caminho e lucrar com isso?

Vem este tema a propósito de um post no Museum Computer Group (Come and celebrate your failure with us!) na qual é anunciado um evento que pretende debater o fracasso e o que se seguiu ao fracasso, ou seja o que fazemos quando algo corre mal (a avaliação e posterior noção daquilo que correu mal e não teve sucesso seria por si só um interessante tema de discussão). Um evento que me parece muito semelhante ao World Failurists Congress que temos por cá (se não conhecem recomendo e já vai ter uma segunda edição).

E os meus caros amigos estão abertos para debater o insucesso? Eu sugeri no museologia.comes (um dos grupos do museologia.porto um almoço à volta do tema, que me dizem?

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