Fui ver a tão afamada exposição do Dalí no Palácio do Freixo e confesso que fiquei desiludido. A minha reacção é mais ou menos semelhante à de Alexandre Pomar. A sensação com que fiquei no final da visita foi que a publicidade me tinha enganado. Não tanto pelos aspectos que se prendem com o papel de Dalí na arte contemporânea, mas sim pela análise (defeitos de formação ou feitio, como quiserem) da exposição através dos olhos de alguém que trabalha na área da museologia.

Confesso-vos que nunca tinha visto uma exposição tão mal cuidada.

O Palácio do Freixo não é o sítio ideal para se expor semelhante quantidade de obras. Assim ficam umas em cima das outras, com evidente prejuízo de quem pretende ver a coisa com alguma calma e sem ninguém a passar em frente.

O discurso expositivo é estranho. Se em algumas partes se compreende uma lógica, noutras (nas ilustrações da Bíblia, por exemplo) não se percebe qualquer intenção a não ser mostrar todas as ilustrações feitas para aquela encomenda.

Por fim a manutenção. As vitrines foram mal pensadas e pior executadas. O pó entra a rodos e não há o cuidado de as limpar (uma vez por semana, pelo menos, seria o normal). Em alguns paineis feitos para pendurar as obras era notória a ausência de manutenção. Encontravam-se riscados e pintados em alguns sítios (sem que houvesse o cuidado de os limpar) e notei, ainda, a presença de insectos (daqueles que gostam de papel) a passear impunemente por trás dos desenhos, litografias e demais obras expostas.

Em alguns sítios li que as obras que se encontram expostas são apenas vulgares, se as compararmos com o melhor que Dalí fez, mas nem sequer quero entrar por este caminho de crítica. Teria que perceber bastante mais de arte contemporânea. No entanto, por tudo o que expus atrás posso afirmar que a exposição foi mesmo uma desilusão.